João Suassuna - Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Existe
uma preocupação das pessoas, principalmente no meio político, em tentar
resolver os problemas do Nordeste brasileiro com soluções imediatistas
que, necessariamente, passam pelo uso indiscriminado da irrigação.
"Havendo água, o Nordeste estará salvo !".
Esta
assertiva ficou bem evidenciada na região, em programas de governos
passados para produtores de baixa renda, como os projetos Irriga
Pernambuco, Chapéu de Couro, Asa Branca e Água na Roça, em Pernambuco;
na Paraíba, com o projeto Canaã e, por iniciativa do governo federal, os
projetos do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para o
Nordeste-PDCT-NE e Polo Nordeste, como alternativas viáveis para
fixação do homem no campo. Os produtores, por sua vez, eram convencidos a
adquirir equipamentos de irrigação, financiados a juros baixos ou mesmo
a eles entregues de forma paternalista, sem haver, no entanto, a
preocupação de se levar em conta as características ambientais como a
qualidade do solo e clima locais, a quantidade e qualidade da água a ser
utilizada, nem tampouco as condições de crédito, a existência de
tecnologia, insumos e equipamentos, assistência técnica e uma política
agrícola regional que tornasse a terra viável também para os pequeno
produtores para, a partir daí, haver a indicação do sistema mais
propício, ou mesmo a não utilização da irrigação nas áreas possuidoras
de situações adversas. Em suma, cada governo cria o seu programa, na
maioria das vezes sem levar em consideração as informações técnicas
disponíveis ou mesmo as experiências vividas em outros programas
semelhantes, gerando, com isso, insatisfações no meio produtivo e
inevitáveis prejuízos ao ambiente.
Esta
mentalidade de nossos governantes, independentemente de partidos
políticos, tem levado vários programas de desenvolvimento a enfrentar
problemas de difícil solução, com a iminente degradação dos solos por
salinização e/ou sodificação, problema este que vem assolando os
perímetros irrigados da região e que alcança, atualmente, patamares da
ordem de 25 a 30% de suas áreas, conforme têm demonstrado alguns
trabalhos realizados pela SUDENE. (GOES, 1978).
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