domingo, 4 de agosto de 2013

África: um olhar sobre um continente em oito volumes. UNESCO. Uma coleção produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.

http://www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/nossas-lutas/educacao/planos-de-aula/8610-lei-10639-colecao-historia-geral-da-africa-em-portugues-colecao-completa 
  • Volume I: Metodologia e Pré-História da África(PDF, 8.8 Mb)
    • ISBN: 978-85-7652-123-5
A mobilidade do homem  sempre foi um fator vital na organização das populações em entidades políticas. Dessa maneira, as savanas africanas
 tiveram influência benéfica, proporcionando as condições preliminares  à criação dos Estados. Dotados de meios de coerção, esses Estados procuraram dominar outros grupos que dispunham de organização  ou equipamento s militares inferiores aos seus. Uma vez vencidos,  tais grupos deixavam‑ se assimilar ou refugiavam‑se em redutos menos acessíveis ou hospitaleiros. Em resumo, o corolário do surgimento 
 dos Estados na zona das savanas foi a dispersão dos grupos mais fracos,  menos organizados, para ambientes hostis: zonas montanhosas íngremes, desertos, florestas densas.Vê‑se, portanto, que as riquezas vegetais desempenharam um papel preponderante na evolução histórica do homem na África. Além de provê‑lo com abundantes reservas de frutas e tubérculos, permitiram a criação de culturas que, cuidadas e protegidas, proporcionaram‑ lhe novos e mais ricos meios  de subsistência. O incremento dos recursos alimentares facilitou o crescimento regular da população africana. Segundo Carr Saunders, até 1650, o continente só perdia para a Ásia  em termos de população. Seus 100 milhões de habitantes representavam mais  de 20% do total mundial.9 Um dos fatores importantes do crescimento populacional foi  também a maior segurança oferecida pelas entidades sociopolíticas melhor organizadas. Dada sua expansão mais acentuada na zona  das savanas, torna‑se fácil entender por que, à época, eram estas as regiões proporcionalmente mais povoadas do continente.
(...)
Os países africanos onde  as forças produtivas permaneceram num nível muito baixo, gozam, por outro lado, de uma atividade cultural intensa. Enquantoa de pendência da natureza era quase total,  toda vestimenta era adorno. Todo instrumento ou utensílio era trabalhado artisticamente, e até mesmo as escarificações corporais em profundidade ou em relevo tinham a dupla função de afirmar uma identidade étnica e manifestar  uma intenção estética. Verifica‑se o mesmo fenômeno com relação às moedas de ferro (guinze) utilizadas pelos Loma (Toma); Kissi, Konianke, Mande,  Kuranko da Guiné, de Serra Leoa e da Libéria. Os guinze eram ao mesmo tempo moedas, protetores das moradias e dos campos, asilos dos espíritos dos defuntos e antepassados, e seria errôneo reduzi‑los a uma única dimensão. Essas sociedades totais requerem manifestamente uma história integral à sua imagem. Assim sendo, a melhor forma de retratá‑las é o trabalho interdisciplinar. (pág.399)




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