- Volume I: Metodologia e Pré-História da África(PDF, 8.8 Mb)
- ISBN: 978-85-7652-123-5
tiveram influência benéfica, proporcionando as condições preliminares à criação dos Estados. Dotados de meios de coerção, esses Estados procuraram dominar outros grupos que dispunham de organização ou equipamento s militares inferiores aos seus. Uma vez vencidos, tais grupos deixavam‑ se assimilar ou refugiavam‑se em redutos menos acessíveis ou hospitaleiros. Em resumo, o corolário do surgimento
dos Estados na zona das savanas foi a dispersão dos grupos mais fracos, menos organizados, para ambientes hostis: zonas montanhosas íngremes, desertos, florestas densas.Vê‑se, portanto, que as riquezas vegetais desempenharam um papel preponderante na evolução histórica do homem na África. Além de provê‑lo com abundantes reservas de frutas e tubérculos, permitiram a criação de culturas que, cuidadas e protegidas, proporcionaram‑ lhe novos e mais ricos meios de subsistência. O incremento dos recursos alimentares facilitou o crescimento regular da população africana. Segundo Carr Saunders, até 1650, o continente só perdia para a Ásia em termos de população. Seus 100 milhões de habitantes representavam mais de 20% do total mundial.9 Um dos fatores importantes do crescimento populacional foi também a maior segurança oferecida pelas entidades sociopolíticas melhor organizadas. Dada sua expansão mais acentuada na zona das savanas, torna‑se fácil entender por que, à época, eram estas as regiões proporcionalmente mais povoadas do continente.
(...)
Os países africanos onde as forças produtivas permaneceram num nível muito baixo, gozam, por outro lado, de uma atividade cultural intensa. Enquantoa de pendência da natureza era quase total, toda vestimenta era adorno. Todo instrumento ou utensílio era trabalhado artisticamente, e até mesmo as escarificações corporais em profundidade ou em relevo tinham a dupla função de afirmar uma identidade étnica e manifestar uma intenção estética. Verifica‑se o mesmo fenômeno com relação às moedas de ferro (guinze) utilizadas pelos Loma (Toma); Kissi, Konianke, Mande, Kuranko da Guiné, de Serra Leoa e da Libéria. Os guinze eram ao mesmo tempo moedas, protetores das moradias e dos campos, asilos dos espíritos dos defuntos e antepassados, e seria errôneo reduzi‑los a uma única dimensão. Essas sociedades totais requerem manifestamente uma história integral à sua imagem. Assim sendo, a melhor forma de retratá‑las é o trabalho interdisciplinar. (pág.399)
Nenhum comentário:
Postar um comentário